sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Almoço grátis e energia elétrica


Uma das primeiras lições em economia diz respeito ao custo de oportunidade.

A partir de um cenário de escassez e limitações, a economia procura estudar as melhores escolhas possíveis. Porém, quando fazemos uma escolha, temos um custo.

Exemplo: Um indivíduo escolhe gastar R$1,00 a mais em viagens, porém, dada a limitação (escassez) de sua renda, terá que deixar de gastar R$1,00 em alimentação por exemplo.

Esse “deixar de gastar” representa um custo resultante do gasto adicional em viagens. O efeito (ou custo) de uma escolha é entendido na economia como custo de oportunidade.

Além dos indivíduos, empresas e governos também se deparam com custos de oportunidade. 

Um exemplo, no caso das empresas, seria desembolsar R$1,00 adicional em máquinas e equipamentos e R$1,00 a menos em mão de obra, dada a escassez de recursos.

No caso do governo, as consequências são relativamente maiores. 

R$1,00 adicional gasto com Bolsa Família, por exemplo, representa R$1,00 a menos em investimentos (dada a escassez de recursos, que no caso do governo, muitas vezes pode ser minimizada pela carga tributária e outros artifícios fiscais e contábeis).

O mesmo raciocínio pode ser considerado no caso dos subsídios.

Quando “abre mão” de receber IPI do setor automobilístico, por exemplo, o setor público deve, teoricamente, incrementar outros tributos ou deixar de gastar em outras áreas que podem ser prioritárias, já que, mais uma vez, os recursos são escassos.

O recente subsídio ao setor elétrico, via BNDES e Tesouro Nacional, se enquadra perfeitamente nesta questão. 

O subsídio irá trazer um retorno econômico e social a ponto justificar seu elevado custo de oportunidade?

Especificamente neste setor, as preocupações advêm, principalmente, da capacidade de geração e distribuição de energia, ou seja, de oferta.

Porém, o subsídio atual, num primeiro momento, afeta a demanda de consumidores e empresas por energia. 

Maior demanda, oferta constante e preço sob controle podem ter como resultado os já conhecidos apagões.

Ao invés de concentrar recursos e incentivar o aumento de investimentos no setor, o governo recorre ao velho incentivo à demanda no curto prazo.

Mas a culpa é da economia e suas benditas escolhas e custos de oportunidade. Afinal, não existe almoço grátis.


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