segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Estudo elaborado pelo NEE por Roberto Perotti e Henrique César (4º sem. Ciências Econômicas - Noite - Uniso)




Nota Técnica - Análise das Rentabilidades das Cadernetas de Poupanças e dos CDBs

Nos últimos meses a taxa básica de juros vem sofrendo diversas reduções, que vêm refletindo diretamente no bolso dos investidores no Brasil. Para investidores brasileiros, acostumados com juros elevados, não está sendo fácil se acostumar com este novo cenário econômico, já que as atuais remunerações são bem inferiores ao padrão observado em anos anteriores. Neste boletim iremos destacar dois tipos de investimentos: poupança e CDB (Certificado de Depósito Bancário).
A poupança é uma das aplicações financeiras mais tradicionais do mercado. É uma aplicação simples, segura e com liquidez diária. Trata-se de uma conta depósito com rendimento líquido que pode ser calculado pela variação da TR + 0,50% ao mês ou com base na taxa Selic[1]. A tabela abaixo ilustra as alterações ocorridas no na taxa Selic ao longo de 2012, definidas pelo COPOM (Comitê de Política Monetária):
                                                      Fonte: http://www.bcb.gov.br/?ATACOPOM

Em 03 de maior de 2012, através da Medida Provisória 567/2012, o governo federal criou novas regras para a poupança, que alteram especificamente a forma de remuneração dos depósitos realizados a partir de 04 de maio de 2012. Depósitos realizados até 03/05/2012 continuam rendendo 0,50% ao mês (6,17% ao ano) + TR (Taxa Referencial). Já depósitos realizados a partir de 04 de maio passaram a ter uma remuneração com base na Selic, conforme a seguir: quando a taxa Selic estiver superior a 8,50% ao ano, a rentabilidade será de 0,50% ao mês + TR, tal como anteriormente, porém, quando a taxa Selic for igual ou inferior a 8,50% ao ano, a poupança passa a render 70% da Selic (na sua forma mensal) + TR. Por exemplo, hoje com a Selic em 7,25% ao ano, a poupança está remunerando 5,075% ao ano (ou seja, 70% de 7,25%), que equivale a 0,4134% ao mês, acrescido da TR.
Estas mudanças foram cruciais para os investidores. A tabela a seguir apresenta um exemplo de aplicação de R$ 1.000,00 conforme a regra anterior e a atual:
*Quando ela for igual ou inferior a 8,50% ao ano


Pode-se perceber que a nova regra da poupança fez com que ela rendesse menos que a poupança antiga nos últimos seis meses. Supondo que um investidor aplicasse R$ 1.000,00 no dia 03/05/2012, ao final do mês de novembro ele teria R$ 1.030,43. Caso o mesmo investidor tivesse aplicado a mesma quantia no dia 04/05/2012, ao final do mês de novembro ele teria R$ 1.027,86.
No gráfico abaixo podemos perceber o rendimento mensal da poupança nos últimos seis meses. Conforme a taxa Selic cai, o rendimento da poupança também cai.

            O outro investimento a ser tratado nesta análise é o CDB (Certificado de Depósito Bancário). CDB diz respeito a um título de captação emitido pelos bancos, que funciona como um empréstimo que o investidor faz à instituição financeira, recebendo uma remuneração em troca. Podem ser remunerados a taxas pré ou pós-fixadas. São ideais para investidores com perfis conservadores, pois se trata de um investimento de baixo risco. As aplicações em CDBs sofrem tributação do Imposto de Renda (IR), conforme o tempo em que os valores permanecem aplicados. A tabela a seguir mostra as alíquotas de IR incidentes no CDB:

            Para efeitos de cálculos adotamos um investimento com tempo de permanência de até 180 dias e com uma remuneração pós-fixada indexada ao CDI (Certificado de Depósitos Interbancários).

O CDI é utilizado para avaliar o custo do dinheiro negociado entre os bancos. A porcentagem do CDI que o CDB renderá depende da instituição financeira, do valor aplicado e do tempo de permanência da aplicação.

                                                                                    *Fonte: http://www.cetip.com.br/

É importante ressaltar que o tempo de permanência é de extrema importância e influencia diretamente nas rentabilidades. A taxa de juros líquida a ser considerada é a taxa acumulada nos seis meses menos a alíquota do IR. Investimentos em CDBs são isentos de taxas de administração.
          A tabela e o gráfico a seguir mostram um comparativo entre a rentabilidade da poupança e do CDB. Para que possamos verificar o ganho real do investidor é necessário que descontemos a inflação, adotamos o IPCA acumulado nos últimos seis meses. Podemos verificar que a antiga poupança se tornou um ótimo investimento, tendo em vista, que a sua remuneração é praticamente a mesma de uma aplicação em CDB que remunere 100,0% do CDI. Para o investidor receber aproximadamente a mesma rentabilidade da nova poupança, precisaria investir em um CDB que remunere cerca de 90,0% do CDI.
É importante ressaltar que se a Inflação continuar acima 0,50% ao mês nos próximos meses e a taxa Selic se mantiver constante em 7,25% ao ano nos próximos meses também a nova poupança passará a ter uma taxa real negativa, ou seja, passará a ter um rendimento menor que o aumento da inflação no período analisado.

Comparações: Poupança x CDB     
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                         
 *Com permanência de até 180 dias
 **Fonte: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=2254&id_pagina=1
 ***Taxa real = [(Taxa nominal + 1) / ( Taxa Inflação + 1)] -1 x 100







[1] A taxa Selic é uma taxa apurada no Selic (Sistema especial de liquidação e custódia), obtida mediante o cálculo da taxa média ponderada e ajustada das operações de financiamento por um dia, lastreadas em títulos públicos federais e cursadas no referido sistema. Como os títulos públicos negociados no Selic são muito líquidos e de baixíssimo risco, afinal, o risco que representam é de o país “quebrar”. Por este motivo, ela serve de parâmetro para todas as outras taxas de juros da economia, pois representa um referencial mínimo para formação de juros no mercado.

3 comentários:

  1. Belo texto. Além de muito informativo, é de fácil entendimento. Parabéns ao professor e aos alunos.

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  2. Grande Felipe....
    Aceitamos contribuições...
    Podemos publicar alguma conclusão do seu TCC

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  3. Maravilha, estarei enviando com as correções, para você analisá-lo.

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